Ser deficiente é Foda
Texto de Marina Guerra
São inúmeras as dificuldades com que os portadores de deficiência se enfrentam no dia-a-dia. Obstáculos no meio do caminho, escadas, rampas demasiado inclinadas, lugares de estacionamento, acesso a balcões e portas, entre outros. Na sexta-feira passada, dia 23, pelas 21h30, Paulo Santos, deficiente motor natural da Batalha, deslocou-se ao Teatro José Lúcio da Silva, em Leiria, para assistir a uma sessão de cinema, ocupando o lugar disponível na plateia destinado para as cadeiras de rodas. No entanto, cerca de vinte minutos depois de começar a sessão, um funcionário foi interpelado por pessoas que estavam atrás de Paulo Santos que diziam não conseguir ver o filme, caso o indivíduo se mantivesse no local. O funcionário sugeriu a mudança para outros lugares mas tal sugestão não foi aceite. Assim, de forma a encontrar uma solução, o funcionário da sala de espectáculos abordou o deficiente motor e pediu-lhe para mudar de lugar, deslocando-o para o final da fila, junto à porta de saída, local onde se manteve até ao final do espectáculo. Indignação.
Apanhado de surpresa e por uma questão de educação, conta Paulo Santos, optou por não fazer qualquer reclamação, nem durante a sessão de cinema, nem no intervalo.
Contudo, posteriormente, enviou um e-mail à direcção do Teatro José Lúcio da Silva e ao Gabinete da Cultura da Câmara de Leiria a manifestar a sua “indignação” face ao sucedido.“Fala-se tanto de direitos, de cidadania, de igualdade…. Na prática, muitos portugueses continuam preconceituosos, ignorantes e a desrespeitar o próximo.”, afirma, esperando que a situação sirva de alerta para outros casos. Sala em conformidade com a lei. Contactado pelo nosso jornal, Vítor Lourenço, vereador da cultura da Câmara Municipal de Leiria, adiantou que já foi endereçado um pedido de desculpas ao espectador, explicando que foi a primeira vez que uma situação destas ocorreu. Segundo o responsável, a sala de espectáculos está em conformidade com os regulamentos técnicos existentes e as cadeiras imediatamente atrás dos lugares destinados a cadeiras de rodas estão num patamar superior.
Acrescenta ainda que “a decisão de deslocar a cadeira de rodas para outro local não foi a mais correcta. No entanto, as pessoas sentadas nos lugares imediatamente atrás dos destinados às cadeiras de rodas deverão também ter consciência e sensibilidade social, o que neste caso não sucedeu”.
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Mais uma vez se aplicou a regra; 'Primeiro eu, segundo eu, terceiro eu e só na milésima vez, é que se pensa nos outros'.
Quando a única coisa, pela qual os portugueses são capazes de dar a vida, é o futebol, no cérebro não resta espaço para a sensibilidade social...infelizmente.
ResponderEliminarGostei imenso das fotos sobre Leiria.
Mas mesmo assim, dão a vida a troco de algo, porque a verdade que exixtia no futebol, já era.
ResponderEliminarAs pessoas de hoje não tem sangue nas veias, é só serradura, já não falo no cérebro.
Obrigado pela visita.